A partir do século XV onde as caravelas eram os mais modernos meios de transporte, o mundo presenciou a raiz de uma nova ordem mundial, a Globalização. As grandes navegações e a busca por relações coloniais lançaram um contingente relativamente grande para fora de suas fronteiras a fim de buscar melhores condições econômicas.
Enquanto a América foi retalhada por grandes potências europeias, as mesmas
enxergavam no oriente um grande potencial de comércio. As famigeradas
especiarias eram as chaves de um conceito fundamental para a formação da
cultura européia ocidental que, inevitavelmente, expandiu-se para suas colônias
assim como a terra do pau-brasil.
Noções filosóficas sobre anatomia, neurologia e psicologia, miscigenaram idéias
pré-feudais clássicas com idéias orientais religiosas, provocando uma nova
forma de pensar sobre a relação ‘’corpo x mente’’.
Atualmente essas idéias voltaram a tona, e mais uma disciplina entrou na
discussão: a Educação Física, aliada à tendência do bem-estar físico e mental.
Enquanto para os ocidentais corpo é algo distinto de mente, para a cultura
oriental, mente e corpo fazem parte de um mesmo processo. Enxergamos a mente
como a essência e o corpo como a aparência, quando na verdade os dois são
intimamente próximos. É inevitável separar suas emoções e sentimentos de
movimentos corporais.
Para ilustrar, imagine o aspecto físico de uma pessoa triste, ou muito
feliz. Esses dois sentimentos provocam nosso acervo motor e nos dão
características típicas e previsíveis.
Por mais que, às vezes, tentamos esconder o que sentimos, as pessoas ao redor
sempre vão saber que o sentimento está presente. Todos conseguem perceber, com
atenção, o verdadeiro sentimento de alguém. Muitas vezes isso se manifesta em
forma de intuição, mas a intuição é a percepção involuntária dos movimentos,
mesmo que sutis, do corpo dos sujeitos.
Nós não temos um braço, nem uma perna, nem uma mente, e sim somos um
braço, perna e mente. Basta você perceber que o tato, um dos cinco sentidos dos
seres humanos, funciona de acordo com a nossa mente.
Mas onde se esconde a mente? Você pode imaginar que ela está em nosso cérebro,
porém se cortarmos um cérebro ao meio não conseguimos anatomicamente
encontrá-la, por isso, para os orientais nossa mente nada mais é que a existência
de nosso corpo vivo. Semelhantemente podemos intertextualizar esta ideia com
uma famosa frase de René Descartes: ‘’Penso, logo existo’’.
Pessoas que sentem problemas emocionais prolongados sofrem sérios riscos
de transformar a postura corporal. As que têm muita timidez, por exemplo, podem
desenvolver uma contratura muscular Crônica no músculo peitoral, e com isso
adquirem postura típica de um sujeito envergonhado, com flexão de tronco e
peito retraído.
Não só a musculatura sofre conseqüências dos sentimentos. Quando ficamos
nervosos podemos observar uma maior irrigação sanguínea na cabeça e, por isso,
a pessoa aparenta rosto avermelhado.
O esporte e as outras atividades físicas são experiências de origem
corporal, mas como corpo e mente são interligados, treinando o corpo atingimos
a mente (no hemisfério Afetivo e cognitivo). A prática de exercícios inverte o
fluxo normal de sentido ‘’mente’’(pensamento ou emoção) e ‘’resposta
motora’’(movimentação do corpo) provocando um deslocamento de origem motora
para alcançar a mente.
Na verdade esses ‘’caminhos’’ percorridos entre mente x corpo ou corpo x mente,
são os mesmos, já que os dois não podem ser dualizados. Seu corpo e sua mente
fazem parte de um mesmo ego, que por ser vivo, existe materialmente expressando-se
com o meio ambiente ao mesmo tempo motora, cognitiva e afetivamente,
apresentando níveis variáveis de seus usos e exposição aparente.
Sandro Conte Febras
Bibliografia
‘’Couraça muscular do caráter’’ - José Angelo Gaiarsa
‘’Corpo mente’’ - Ken Dychtwald
‘’Corpo fala’’ - Pierre Weil
Postagem Original no Blog TSKF http://tskfblog.blogspot.com.br/
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