Nosso corpo pode se manifestar de
diversas maneiras diante de nossa realidade, seja por meio do trabalho, do
amor, do sexo, de ações em geral e da arte.
Ao passo que analisamos a
natureza e nos sentimos transformados diante de suas exuberâncias, já podemos
dizer que estamos trabalhando. Para isso, é imprescindível que realizemos
forças com o corpo humano.
As ferramentas, armas e máquinas
nada mais são do que ampliações do poder do corpo, assim como um computador é o
prolongamento de nosso cérebro, um martelo ou uma espada são o prolongamento de
nossos punhos fechados.
No entanto, a forma do objeto que
usamos entrelaçada com o nosso projeto de trabalho, formam uma referência a
respeito do seu agir sobre o mundo. Pois um instrumento é utilizado de acordo
com aquilo que conferimos: uma Lança para um caçador neolítico, não significa a
mesma Lança a um soldado de exército.
Numa atividade física, a
integração do sujeito com seu corpo, se torna ainda mais clara. Diferente do
clichê de que exercícios promovem apenas treinamento muscular, momento de
descontração e condição de equilíbrio fisiológico, um treinamento esportivo é o
apelo ao aperfeiçoamento incessante, pondo em função o esforço do esportista.
Realizando movimentos físicos,
abrimos uma condição essencial ao praticante, pois a combinação exata de um
movimento, com uma intenção que lhe propõe, transmite o tal do espírito. Ter
‘’espírito’’ é simplesmente produzir artisticamente, posto que arte é a
realização de uma habilidade naturalmente fluente.
A arte nas artes marciais, por
exemplo, é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para
seu realizador, quanto para seu apreciador, pois com a biomecânica corporal
temos que ser capazes de transmitir sentimentos.
Para que se transmita sentimento,
é preciso ter emoção, ou seja, um estado psicológico que envolve agitação
afetiva que te levará a uma reação cognitiva de reconhecimentos de certas
estruturas do mundo.
Por tanto para quem ainda
considera sua modalidade apenas mais uma atividade física, ainda não se
descobriu como ser humano, e ainda não reconhece que o mundo está em suas mãos
e basta um olhar íntimo dessa realidade para transmitirmos sentimentos que só
reconhecemos em quem realmente conhece a arte.
Referências:
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda ET al - Filosofando, Introdução a Filosofia - Moderna,
São Paulo, 2003
PROENÇA,
Graça - História da Arte - Editora Ática, São Paulo, 2004
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